terça-feira, 31 de março de 2009

Em Busca De... Final

Mais uma Canção
Los Hermanos

Eu me entrego
Eu não nego
Eu errei, mas sou capaz
de fazer sua vida melhor

Tô voltando
Não sei quando
Pra roubar teu coração
Vou chegar no final de mais uma canção

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Em Busca De... Final

Acordou tarde, já era próximo ao meio dia, se espreguiçou, acendeu um cigarro e se colocou a pensar, logo mais iria voltar a sua vida normal, mas sabia que antes disso tinha que passar por uma prova de fogo, a conversa com Carla, sabia que aquilo de alguma forma seria um divisor de águas pra toda aquela situação, a garota já havia mostrado que tinha entendido toda aquela situação, talvez até mesmo melhor que Carlos e a sinceridade da garota podia lhe dar as forças que precisava para continuar lutando ou afoga-lo de vez obrigando-o a desistir. Mais uma vez se viu refém da situação, mas iria enfrentar.

Tomou um banho e saiu em direção à área de convivência da pousada, tinha certeza que a garota estaria ali esperando por ele. Qual não foi seu espanto ao chegar e ver que não havia ninguém ali foi até a proprietária da pousada e ao perguntar pela garota ouviu o mais improvável, ela havia pego o carro pela manhã bem cedo com uma mala e ido embora. Sentiu-se traído, como a garota podia abandoná-lo bem nessa hora, no fechamento de tudo, precisava dela, aquela garota parecia ser a única que realmente entendia Ângela e nos conselhos dela depositou toda sua confiança de reconquistá-la, era o fim... Já abatido fez a única coisa que lhe restava, pagou a pousada, pegou suas coisas e chamou um táxi e foi rumo à rodoviária, seu ônibus ainda demoraria a sair, mas de qualquer forma perdera a vontade de fazer qualquer outra coisa.

Chegou à rodoviária, pediu uma vitamina e sentou-se, estava visivelmente abatido, sentia raiva da mulher... Primeiro ela o ajudou e agora o abandonou... Debruçado sobre o balcão do bar fumava seu cigarro quando sentiu um toque em seu ombro.

Carla_ O moço, pensou que ia se livrar de mim assim tão fácil?

Carlos se espantou, sentiu muita raiva da garota, mas por outro lado estava feliz em vê-la.

Carlos_ Como soube que eu estava aqui? Meu ônibus sai daqui a quase 4 horas.

Carla_ Você é uma pessoa previsível... Conheço-te há menos de dois dias e posso dizer exatamente o que pensou e está pensando de mim nesse momento... Mas te digo, não deixei a pousada, apenas pedi pra que a dona dissesse isso a você, não o encontrei intencionalmente.

Carlos_ Como assim? Você é maluca?

Carla_ Não, mas fiz isso só pra deixar claro o que eu queria te falar. Aposto que você acordou confiante que me encontraria sentada num banco da pousada te esperando pra resolver o problema pra você correto? E quando não me viu se sentiu abandonado e ficou sentindo pena de você... Estou Mentindo?

Carlos_ Bem... Não.

Carla_ Pois é, fiz isso exatamente pra te mostrar como você é previsível e é exatamente isso que você está fazendo consigo.

Carlos_ Como assim?

Carla_ Você ficou com medo da situação como você mesmo me disse, e o que você fez? Isolou-se e esperou algo ou alguém aparecer e resolver tudo pra você... E quando viu que Ângela não estava lá como seu orgulho te dizia que estava Você fez o mesmo que fez hoje, ficou com medo e fugiu pra cá... Consegue entender agora?

Carlos estava chocado... Como aquela garota que o conhecia há dois dias podia ter ido tão fundo no assunto? Ela tinha total razão... E só agora Carlos havia percebido tudo por esta ótica...

Carlos_
você está certa... E mais uma vez eu não sei o que fazer...

Carla_ Você não tem o que fazer... Você já a perdeu.

Carlos_ NÃO DIGA ISSO. Ela é tudo que mais quero...

Carla_ Entenda, você a perdeu, só existe uma chance pra você.

Depois de um silêncio que durou uma eternidade a garota diz:

Carla_ Reconquistá-la...

Carlos_
Mas... Não acredito que não exista mais sentimento entre nós...

Carla_ Cara, alguém já te disse que você é tão teimoso quanto uma porta?

Carlos_
mas digo isso por bem...

Carla_ De boas intenções o inferno está cheio... Arregace as mangas e conquiste-a novamente, você é um cara que pode fazer qualquer mulher se sentir a mulher mais feliz do mundo só precisa deixar de ser teimoso não deixar que o medo te domine novamente. Pega esse papel, aqui tem meu telefone e meu e-mail, só me procure pra dizer que você conseguiu, vou torcer por você.

Carla_ Eu não sei como te agradecer, você me ajudou muito essas últimos dias.

Carlos_ Não retribua a mim, retribua a si mesmo. Deixe seu orgulho e seu medo de lado, se permita viver e boa sorte com sua Ângela.

Carla_ Agora vou indo, você tem muito que pensar. Boa viagem e obrigado, aprendi muito com você neste fim de semana, não mate esse homem bom que vive em você, liberte-o.

Carlos_ Eu é quem agradeço.

Depois que a garota saiu, ficou ali por muito tempo, e finalmente entendia Ângela, mas não estava disposto a desistir, continuava sozinho, sem ninguém que o ajudasse, mas sentia uma estranha esperança em seu peito, pela primeira vez pareceu achar uma forma de ter de novo a Ângela em seus braços.

Embarcou no ônibus e dormiu num sono estranhamente tranqüilo...

domingo, 29 de março de 2009

Em Busca de... PT 2

Sabendo Que Posso Morrer
Matanza


Não deveria fazer o que eu faço

Passar o que eu passo, beber o que Eu bebo
Não deveria dizer o que eu digo
Vivendo em perigo, o que é que eu Recebo?

Coisas que eu faço sabendo que Eu posso morrer
Coisas que eu faço na hora em que Eu penso em você

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Em Busca de... PT 2

13h15min Estava saindo, depois de acordar e tomar um banho rápido, quando ao passar pela área de convivência da pousada que dava acesso à saída viu Carla sentada em um dos bancos. Cumprimentou a garota e fez menção de sair.

Carla_ Ei... aonde vai? Não vai me convidar pra te acompanhar hoje? Ou prefere ir sozinho?

Carlos_ Bem, eu não queria incomodá-la, mas se tiver desocupada vamos, quero comer algo antes de qualquer coisa.

Saíram, comeram num lugar simples, mas com uma comida muito boa. De lá Carlos disse que queria ir pra uma praia, pois logo mais seu time do coração ia jogar, Carlos via cada vez mais o quanto aquele lugar era belo, e a cada nova descoberta sobre o local imaginava um dia levar Ângela pra lá e como seriam melhores com ela ali, como aqueles lugares teriam cores e sentidos diferentes.

Carla_ você ainda está mal do que me disse ontem não é?

Carlos_ Bem se fosse algo simples de se lidar eu não teria vindo até aqui pra tentar...

E um silêncio se fez entre os dois, só depois que falou, Carlos percebeu que fora grosseiro com a garota, ficou sem graça afinal a garota parece entendê-lo, ou pelo menos tentava.

Carlos_ Desculpe...

Carla_ Não tem problema.

Carla_ Você é um cara fantástico sabia? Do tipo que vai fazer qualquer mulher muito feliz, andei pensando em tudo o que me disse ontem, se importa se eu fizer alguns comentários?

Por algum motivo Carlos sabia que a garota ia dizer coisas que ele não gostaria de ouvir, mas decidiu aceitar.

Carlos_ Vá em frente.

Carla_ Eu não conheço essa garota por quem você está apaixonado, mas sou mulher, algumas coisas só nós mulheres sentimos, e pra mim uma coisa é clara, de alguma forma ela ainda gosta de você, afinal se fosse diferente ela não teria essa preocupação toda que você me contou, mas por outro lado imagine que nós mulheres somos como rosas, se você poda uma rosa das mais belas pra deixar dentro de um copo na sua casa por mais que você olhe pra ela a beleza dela não é a mesma longe das demais, assim somos nós mulheres quando amamos, se todos os sentidos não estiverem numa mesma vibração à coisa não é a mesma.

Carlos ouvia atentamente.

Carla_ Longe de mim querer tirar suas esperanças, mas isso de longe me parece uma forma eufêmica dela de dizer que nada mais vai acontecer entre vocês e você já fez todas as loucuras que podia ser feitas pra mostrar pra ela que gosta dela de verdade mas você esqueceu o principal... Esqueceu de você

Carlos_ Como assim? – Neste momento Carlos tinha os olhos úmidos, estas últimas coisas que a garota dissera bateram forte sem eu peito.

Carla_ Já se colocou no lugar da guria? Imagine-se finalmente tendo em seus braços alguém que você lutou pra ter depois de muitos anos, e quando isso acontecesse aquela chama não arde... E enquanto você tenta procurar por aquela chama você vê que a pessoa esta completamente transtornada... Você teria tranqüilidade?

Carla_ Me da licença um minuto que tem umas amigas ali do lado, já volto.

Ela estava certa, todos estavam certos, mais uma vez percebeu o óbvio, ele era o errado. Carlos aproveitou que a garota havia encontrado algumas pessoas que ela conhecia e havia se afastado e começo a andar em direção a beira do mar, encosto-se numa mureta e ficou ali digerindo o que a garota havia dito. Após alguns minutos ali começou a chover, uma chuva forte, mas mesmo assim não fez menção em sair, continuou ali a pensar e lembrou-se de uma música que lhe era tão especial.

_ Rain down, rain down
Come on rain down on me
From a great high
From a great high...high...

Carla_ EI! VAMOS VOLTAR PRA LÁ, NÃO FIQUE NA CHUVA.

Carlos_ Pode ir está bom aqui.

Carla_ Mas você não entende mesmo não é? Então também vou ficar aqui...

Carlos começou a pensar, por que aquela guria se importava tanto com ele? Mal o conhecia, resolveu sair de lá para que a garota não se molhasse tanto.

Carlos_ Me responda uma coisa, porque se importa tanto comigo?

Carla_ Deixa eu te explicar uma coisa, eu até hoje na minha vida quis encontrar um cara que fizesse por mim todas essas coisas que você está fazendo por esta guria, então acho que se eu ajudar você com ela, o dia que o meu aparecer alguém vai me ajudar. Mas você precisa entender uma coisa, você tem duas maneiras de ser feliz: com ela ou sem ela, se escolher sem ela, vai ter que lutar contra seus sentimentos até que eles brotem por outra pessoa, mas se escolher ser feliz com ela precisa parar de agir como se o mundo fosse acabar amanhã, vocês homens são muito fracos pra lidar com sentimentos, você não percebeu que cada dia que passa está se obrigando a entrar em depressão? Mais do que já está? Acorde homem, se você a quer de volta mostre o que você tem de bom, aquilo que a conquistou da primeira vez, faça com que ela sinta falta disso e não faça sentir pena de você, se ela tiver pena de você ai sim vai ver que não é esse homem por quem ela se apaixonou. Acorde, você está se trancando num canto escuro e não vai ver quando a oportunidade passar diante de você. Eu venho tentando te dizer isso hoje o dia inteiro de maneiras mais sutis, desculpe pela grosseria, mas você precisa entender isso, pro bem de vocês dois.

Carlos desabara novamente. Como uma garota que não o conhecia, podia ler tão bem uma pessoa? Cada palavra dela o atingira como um cometa, ela tinha razão.

Carla_ Bom combinei com aquelas minhas amigas de ir num lugar bem bacana hoje a noite, vai te fazer bem, esteja pronto na pousada umas 21h30min que eu te levo.

Carlos_
Não sei se é uma boa idéia...

Carla_ MEU DEUS, VOCÊ NÂO ENTENDEU NADA DO QUE EU FALEI NÃO É MESMO? VOCÊ É TEIMOSO COMO UMA MULA. ESTÁ BEM, SE COLOQUE EM DEPRESSÃO, FUJA PRA LONGE E O MÁXIMO QUE VAI CONSEGUIR É PERDÊ-LA, PORQUE NÃO SE MATA LOGO. PASSAREI POR LÁ NA HORA MARCADA SE QUISER IR ÓTIMO, SE NÃO QUISER AZAR O SEU.

A garota saiu, estava nervosa, e Carlos estava espantado, a garota gritou com ele, aquilo foi inesperado, mas ela tinha razão, Carlos mais uma vez viu o quanto era fraco, como Ângela conseguiu suportar tudo aquilo...

21h30min Carlos estava pronto e sentado em um dos bancos na pousada, não tinha vontade de sair, mas precisava de novos ares. A garota entra e quando vê Carlos abre um sorriso.

Carla_ Eu sabia que não me decepcionaria.

Chegaram ao dito lugar, era uma praia afastada com algumas mesas na areia, havia muita gente ali, a música não agradava, reggae de longe não era seu estilo preferido, mas estava ali e não ia desistir. Assim que chegou cumprimentou as cinco garotas que já estavam lá, sentou-se e começou a conversar, reparou que freqüentemente Carla estava observando-o e aquilo de certa forma incomodava mas conforme o tempo foi passando e a bebida colaborou, passou a se enturmar entre o grupo, arriscava algumas piadas ria de outras, aqueles estavam sendo momentos agradáveis.

Carla_ Fico feliz que resolveu lutar está fazendo o certo... Amanhã antes de você ir embora gostaria de conversar com você.

Carlos acenou afirmativamente com a cabeça e continuou aproveitando o momento, não podia negar estava se divertindo, mais ao fim da noite já abatido pelo álcool consumido em dose cavalar estava conversando com uma das garotas amigas de Carla, e conforme a conversa foi avançando percebeu nela uma intenção além de conversar, começou a ser evasivo até o momento em que pediu licença e foi ate há alguns metros do mar e olhando as estrelas. Algumas coisas começavam a fazer sentido, precisava reconquistar sua Ângela e pra isso precisava ser o que estava sendo naquele momento, espontâneo. Talvez naquele momento sua viagem tivesse valido a pena, se sentiu esperançoso, mas ao mesmo tempo tinha medo dessa esperança se tornar uma nova decepção. Não importa, as estrelas eram testemunhas de que naquele momento a esperança retornara aquele pobre infeliz.

sábado, 28 de março de 2009

Em Busca de.... PT 1

Nas Linhas
5 Generais

Cada linha no Teu rosto
É desinteressante
Traçada pela ausência
De perigos ou eventos
Pois você sempre foi
Seguro e previsível
Até nas suas tentativas
De ser diferente...

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Em Busca de.... PT 1


15h00min já estava na rodoviária, saiu mais cedo do trabalho, tinha sorte de ter um chefe compreensivo, ele sabia que Carlos não estava numa fase boa e vinha sendo um tanto amigo nessa hora. Passagem na mão ia para um lugar que nunca tinha ido antes, Paraty – RJ, alguns minutos se passaram e lá estava ele, deixando a rodoviária, saindo em busca de algo que nem ele mesmo sabia... Qual o sentido daquilo? Queria mesmo era ir até Ângela, mas não podia. Decidiu que ia ter um fim de semana livre, tentar viver um fim de semana sem seus fantasmas... Aproveitar tudo que o destino lhe proporcionasse.

Dormiu a viagem toda, assim que desceu do ônibus procurou o guarda perguntando sobre onde podia encontrar uma pousada, de preferência próxima a praia, teve um endereço, entrou num taxi e rumou pra lá, foi olhando a cidade no caminho, era bela em seus detalhes, num estilo colonial, mas com um toque de modernidade, quando passou próximo ao mar, teve certeza de escolher um bom lugar. Aquilo era lindo.

Entrou na pousada, cuidou de toda a parte burocrática, subiu, deixou sua mala, precisava de um banho e já queria sair pra conhecer o lugar.

Tomou um banho, primeiro foi até a área de convivência da pousada, tinham algumas pessoas ali e esse seria um bom começo para escolher aonde ir. Sentou-se no banco, tinham algumas pessoas ali, puxou conversa e quando menos percebeu estava trocando cartão de visitas com um senhor e falando de trabalho. Desde que chegou reparou que havia uma moça sentada num banco mais afastado, estava desde que chegou ali, quieta, olhando pro nada e aquilo lhe despertou a curiosidade.

Depois que seus “novos amigos” saíram só havia ali ele e a tal pessoa, resolveu conversar com ela. Após alguns minutos descobriu que a garota e chamava Carla. A garota tinha lá seus 20 e poucos anos e estava sozinha ali, seus olhos azuis carregavam uma certa tristeza mas ainda era muito cedo pra saber do que se tratava, ficaram ali conversando por um bom tempo, a garota tinha um bom papo e aparentemente tinha achado o mesmo de Carlos, convidou-a para comer alguma coisa e conhecer um pouco da cidade, afinal ela já está ali há alguns dias e poderia mostrar o básico que ele precisaria conhecer pra se virar naquele fim de semana.

Foram a um restaurante e comeram frutos do mar e sempre conversando até que ela disse o que Carlos durante todo o tempo tentou desviar do foco da conversa.

Carla_ Você não parece o tipo de pessoa que vem pra um lugar desse sozinho passar um fim de semana pra ver a natureza. Porque veio?

Carlos estava desarmado, porque será que Deus só coloca em seu caminho mulheres maduras e com uma percepção e sensibilidade maior que a dele? Talvez porque ele fosse débil nesses quesitos... ficou em silêncio, a garota insistiu na pergunta. Bem... – Pensou Carlos – Não tenho nada a perder, me prometi viver intensamente esta viagem, eu nunca mais verei a garota, se ela quer saber o porquê, não tenho porque esconder.

Carlos_ Digamos que estou em retiro espiritual...

Carla_ Como assim?

Carlos_ É uma longa história...

Carla_ Ótimo, não estou com pressa nem sono e aqui tem um lugar ótimo pra longas histórias, vamos.

Descobriu que a garota estava de carro na pousada, chegaram lá, pegaram o carro e foram em direção a Trindade, um lugar que segundo ela era perfeito pra longas histórias.

Ao chegar Carlos entendeu o porquê a garota disse aquilo. Estava em frente a uma praia maravilhosa, mas ainda não era ali que ficariam, entraram por uma trilha na mata e andaram alguns minutos até chegar numa cachoeira, sentia frio. Era grande, o lugar exalava paz. Sentiu-se tranqüilo, viu que ao redor da cachoeira havia algumas outras pessoas, mas elas não pareciam se importar umas com as outras, se sentaram numa pedra próxima a queda dágua quando a garota disse:

Carla_ Então vamos lá... Tem algum lugar melhor no mundo pra longas histórias do que este?

E Não havia... Carlos então começou a contar sua história, desde o passado, até os acontecimentos do dia anterior, não sabe quanto tempo levou pra fazer isso mas reparou que a garota ouvia atenta com os olhos fixos nele, reparou também que na parte em que Carlos não conseguiu segurar a calma e começou a chorar a garota também estava com os olhos úmidos... quando finalmente terminou a história, acendeu um cigarro.

Carla_ Mas mesmo você fazendo tudo isso a garota não te deu uma chance? Ai essas mulheres viu...

Carlos ficara extremamente ofendido com o comentário da garota... quem ela pensa que é pra julgar sua Ângela... Mas resolveu não falar nada...

Carla_ Sabe nós mulheres somos complicadas... Eu estou aqui por um motivo parecido com o seu, e pensando melhor acho que entendo essa tal de Ângela, só que no meu caso eu queria muito que ele fizesse essas coisas que você ta fazendo por ela, é tudo que eu precisaria pra ver que ele me ama de verdade... Olho, eu não sei como você é, mas eu tenho algo aqui que vai te fazer bem.

Carlos começa a reparar e vê que a garota estava enrolando um cigarro de maconha, ficou espantado, pois definitivamente aquela garota com cara de menina inocente não parecia comungar dessas coisas.

Carla_ Se importa se eu acender?

Carlos_ Não, vá em frente.

Afinal a maior parte dos que estavam próximos a eles faziam o mesmo...

Carla_ Quer um trago? Nessas horas acaba ajudando um pouco, a tirar essas abobrinhas da cabeça...

Carlo pegou o cigarro, ficou olhando pra ele, já havia feito aquilo antes, no passado, um passado negro que não queria de volta... Mas sabia também que de alguma forma aquilo o ajudaria a esquecer Ângela, mesmo que por alguns intantes. Ameaçou levá-lo a boca e lembrou-se

_Ângela Carlos, Cuide-se... Nem que for por mim.

Como num filme lembrou-se da cena, derrubou o cigarro no chão... Pegou-o e devolveu a garota.

Carlos_
Obrigado, Carla vamos embora? Estou cansado da viagem, amanhã conversamos mais.

Carla_ ok.

Voltaram pra pousada, despediu-se da garota mas não foi dormir, foi andar na praia que havia ali próximo, e andou por um bom tempo até que se sentou na areia encostado num barco que havia ali, e ficou pensando na vida, aquele lugar era perfeito, lindo... Mas sem Ângela... Continuava cinza...

07h20min Acordou, suas costas doem, percebeu que dormiu ali, na areia... Voltou pra pousada, tomou um banho e deitou-se pra tentar descansar um pouco.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Idiossincrasia Pt 2

Veja Bem Meu Bem
Los Hermanos

Enquanto isso, navegando vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.

E eu nunca vou te esquecer amor,
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz.

Veja bem além destes fatos vis.
Saiba, traições são bem mais sutis.
Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado saudade.

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Idiossincrasia Pt 2

20h00min Carlos saiu da farmácia com quatro caixas do mesmo remédio, sabia que algo despertara seu instinto destrutivo, não estava disposto a fazer nada com eles, mas por algum motivo que nem mesmo ele sabia explicar, estava fazendo aquilo... De qualquer forma sabia que aquele seria um dia decisivo, disse a Ângela que iria até ela, precisava ouvir sua voz, não tinha esperanças que isso fosse mudar algo entre eles, mas iria fazer, não sabia o que pensar...

Chegou ao lugar marcado, escolhera uma praça, assim poderiam ter certa privacidade naquele momento, Ângela não estava lá... Não importa, iria esperar ela ia aparecer, tinha certeza disso, acendeu um cigarro e ficou ali.

20h25min Ângela olhava pela janela do carro, ele não iria desistir, viu Carlos chegar e desde que chegou já acendia seu terceiro cigarro, ia ter que enfrentar aquilo, criou coragem e desceu, assim que apontou na Praça Carlos a viu, percebeu que ele interrompeu os passos inquietos e ficou olhando fixamente pra ela, conforme se aproximava percebeu que os olhos dele estavam úmidos.

_Carlos_ Eu sabia que você viria. – Nos olhos de Carlos era nítida uma profunda tristeza.

_Ângela_ Você não entende mesmo não é? Depois de tudo eu só pedi uma coisa a você que foi tempo, e nem isso você me deu, como quer que eu confie em você novamente.

_Carlos_ Eu sei disso minha flor, mas eu não consigo... Tenho lutado bravamente dia a dia pra buscar forças pra viver, mas eu não consigo, Por Deus, eu tenho tentado...

_Ângela_ Eu entendo... Mas não há nada que eu possa fazer, isso não é fácil pra mim também, por quanto tempo eu não estive como você Carlos, me diga... Eu já disse, quero poder olhar nos seus olhos e dizer que te quero, mas quero que isso seja sincero... Não quero que se iluda...

_Carlos Grita_ Por Deus Ângela, Me iluda... Engane-me, faça qualquer coisa, mas tire essa dor do meu peito, eu não agüento mais viver.

Ângela se assustara com a reação de Carlos, temia uma reação violenta, ele parecia fora de si, mas no fundo sabia que não podia fazer nada naquele momento, via aquele que fora o homem da sua vida chorando ao soluçar, mas o que ele lhe pedia era mais do que ela podia oferecer.

_Ângela_ Desculpe Carlos, eu queria muito poder fazer algo mais do que estou fazendo, mas no momento é só o que tenho a oferecer, eu estou tentando Carlos, confie em mim, não pense que é mais fácil pra mim do que está sendo pra você. Mas... Mas... NÃO ME PRESSIONE.

Ângela não suportara, soltou um grito e começou a chorar... Reparou que Carlos se chocara com tal atitude... Estava catatônico, seu rosto marcado pelas noites sem dormir refletiam o pânico que devia se passar em seu peito, reparou também que ele trazia no peito, um cordão com uma chave amarrada no peito, sabia o que significava aquilo, mas fingiu não perceber.

Ficaram alguns minutos ali em silêncio, encarando um ao outro até que Carlos falou:

_Carlos_ eu só quero que você saiba que te amo!

Ângela baqueara, ele nunca tinha dito isso a ela antes, e como ela sonhou em ouvir isso, conhecia Carlos, sabia que ele condenava tanto quanto ela a banalização do amar, ela sabia que ele realmente era sincero, nesta hora explodiu em raiva, pois não sabia como retribuir aquilo.

_Ângela_ Não faça isso com você, Carlos... Eu sonhei anos da minha vida com você, mas não me peça isso agora, não até que eu tenha certeza que quero tentar ao menos... Olhe pra você, está com uma cara péssima, está mais magro cheirando a álcool, este não foi o Carlos por que me apaixonei.

Carlos não tinha o que responder, sabia que ela estava certa, estava se destruindo, se consumindo em chamas de dentro pra fora, há dias não fazia a barba, há dias não comia nem dormia direito e só conseguia dormir depois de uma boa dose de álcool, mas isso era o melhor que conseguia fazer naquele momento... Mas sentiu vergonha... Ela tinha razão e ele sabia disso.

_Ângela_ bom Carlos acho melhor irmos embora, isso não faz bem a nenhuma de nós, lembre-se, só estou te pedindo paciência, eu sei que é difícil, mas você vai ter que conseguir.

_Carlos_ Se for pra ter você de volta eu faço qualquer coisa...

_Ângela_ Então até mais.

Ângela se afastou, entrou no carro e chorou, queria poder fazer mais naquela situação, mas não conseguia, se sentia frágil, a vida fora injusta com ela.

Carlos ficou ali por mais dois ou três cigarros até ter forças pra sair... Estava arrasado mais uma vez, sabia que não ia dormir essa noite, pegou o carro e voltou pra casa, ao chegar lá arrumou uma mala, estava decidido, no próximo dia ia viajar sair do trabalho e pegar a estrada, sem rumo... Sem destino... Sem vontade de voltar.

_Carlos_ O mar... Preciso dele neste momento...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Idiossincrasias - Primeira Parte....

Everything I Love
Alan Jackson

Coffee keeps me up and I can't sleep

And when I drink too much then I can't eat
Losing you has led me to believe
Everything I love is killin' me

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Idiossincrasias

06h30min ele acorda, assustado, olha ao redor e percebe que tudo não passou de um pesadelo, um dos tantos que vinha tendo ultimamente... Na televisão que esquecera ligada um programa religioso qualquer, estendeu o braço ao criado-mudo e acendeu um cigarro. Ficou ali alguns minutos ouvindo o sermão religioso enquanto fumava seu cigarro, um paradoxo moral pensou Carlos, porém de alguma maneira aquilo parecia interessante, não que ele concordasse com o pastor, mas na situação em que se encontrava as palavras do pastor lhe traziam certo conforto... Afinal é disso que as religiões vivem, vender sonhos aos desiludidos e naquele momento Carlos era um cliente em potencial.

Levantou, desligou o despertador do celular e foi tomar um banho, queria aproveitar aquele momento, há dias ele sacrificava muito desse momento em função dos constantes atrasos. Tomou seu banho, fez a barba e se vestiu. Quando estava saindo de casa viu seu reflexo no espelho e reparou, estava com aquela camisa azul, a mesma que deixara de usar a alguns meses, pois ela havia ficado muito apertada... Estava tão distraído que a pegara do cabide sem perceber, mas o curioso foi perceber que ela não mais estava incomodando, tinha perdido peso. Após o espanto inicial tratou com normalidade afinal, nada mais esperado de alguém que há dias não come nada além de 1 ou 2 sanduíches.

08h30min sentou-se na sua mesa e ligou seu computador, fora pontual pela primeira vez em muitos dias, precisava se livrar de algumas tarefas que deixara acumular e assim o fez por algum tempo até que foi novamente tomado pela melancolia e quando percebeu estava revirando fotos antigas no computador, pensando o que estaria fazendo Ângela naquele momento, cogitou ligar pra ela, mas no meio da discagem achou melhor não... Ela pedira um tempo para se encontrar e ele devia respeitar isso.

Só Deus sabia o quanto ele estava sofrendo, a agonia de ter sempre aquela dor no peito, perdera a conta de quantas vezes se escondeu no banheiro pra chorar, o quanto rezava pra que seu celular tocasse e fosse Ângela dizendo que decidira por dar uma chance a eles, sabia que no fundo isso era o melhor pra ambos, afinal depois de tantos desencontros, só assim poderiam ter certeza se foram feitos um pro outro ou não, eram adultos, não tinham nada a perder só a ganhar, via que Ângela estava se iludindo, traindo a si mesma sem saber, se fechando em uma concha pra não se machucar e tinha aquilo pra si como verdade travestida de que não estava segura de seus sentimentos, ou que talvez eles nem estivessem mais lá... E sabia disso, pois fora exatamente o que Carlos fizera durante muito tempo, enquanto se iludia tinha plena convicção do que sentia e só percebeu o quanto se iludia no dia em que viu que estava perdendo Ângela. Mas de qualquer forma, prometera respeitar o pedido de Ângela e iria cumprir, ela já sofrera muito por ele e Carlos viu o quanto ela é mais forte que ele por ter suportado muito mais do que ele estava sendo capaz.

Abriu a gaveta pra pegar seu cigarro e viu o bloco de receitas médicas em branco que seu amigo lhe arrumara, teve uma idéia, mas fez questão de abandoná-la rapidamente, pode ser uma saída mais fácil, mas no fundo é apenas mais uma fuga... Já fugira demais da vida, era hora de enfrentá-la. Desceu pra fumar, sentia-se melhor naquele dia, porem havia percebido que todo aquele desespero que outrora lhe dominava estava sendo substituído por uma profunda tristeza e desânimo, não tinha vontade de acordar pra mais um dia, afinal ia ser a mesma coisa de todos os outros, enquanto não resolvesse essa situação seus dias seriam sempre assim... Cinzas...

Precisava de distração, de atenção e enquanto não pudesse contar com os abraços de Ângela começou a buscar na agenda do celular alguma companhia pra beber e acabou encontrando Rodrigo, combinaram de se encontrar e no fim do dia Carlos guarda suas coisas, abre a gaveta pega seus pertences e meio que inconscientemente arranca a primeira folha do bloco de receitas, dobra e o põe no bolso da camisa... Pega seu celular digita um SMS, pronto estava feito.

11h50min Ângela pega sua bolsa e se prepara para almoçar, na verdade não tinha fome mas iria aproveitar pra caminhar um pouco, estava chateada, estava confusa, precisava se encontrar, aproveitar que finalmente Carlos parecia tÊ-la deixado em paz, ele não a entende, age como se fosse simples passar pelo que ela estava passando, nada mais duro do que negar a si mesma, olhar pra dentro de si e ver que nada mais é como fora no passado, mesmo quando se quer que seja diferente... Ele estava fazendo seu melhor, mas de nada adianta enquanto não conseguir reencontrar os velhos sonhos do passado.

Um suco de laranja e uma volta pela praça é estranho como a vida nos prega peças, parece que foi ontem, a noite fria, aquela convulsão de sentimentos, os olhos evasivos e inquietos de Carlos, fora obrigada a cravar as unhas em sua carne pra obter atenção... E Hoje por mais que procurasse não conseguia mais encontrar aquele sentimento... Talvez tudo não passara de um sonho que acordara numa realidade dura e cinza, estava fazendo seu melhor, não por Carlos mas por si mesma, precisava ser justa consigo mesma. Olhou pras árvores e viu um casal de passarinhos, coisas que só reparamos quando estamos vulneráveis, estava frágil e sabia disso.

Acendeu um cigarro e sentou no banco da praça, o lugar era bonito, mas mal cuidado... Ouviu seu celular apitando e ali estava brigando pra encontrá-lo na bagunça que era sua bolsa... Finalmente o achou, leu a mensagem... Uma lágrima solitária escorreu em seu rosto... Precisava dar um basta nisso...

_A Qualquer Preço

Continua...

O mundo todo é hostil...

Uma pausa na história... estou trabalhando na continuação mas com muito carinho. mas nada quer alguns versos de um poema não ajudem...

eu nunca imaginei que Los hermanos pudesse ser tão bom...

De Onde Vem A Calma
Los Hermanos

Composição: Marcelo Camelo


De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente
Ele não saber ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil

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" Pensando Nela "

Neste instante em que escrevo, estou pensando nela,
longe de mim, no entanto, em que estará pensando ?
- quem sabe se a sonhar, debruçada à janela
recorda nosso amor, a sorrir, vez em quando...

Ou terá tal como eu, esse ar de alguém que vela
um sonho que estivesse em nosso olhar flutuando ?
Ou quem sabe se dorme, e adormecida e bela
o luar lhe vai beijar os lábios, suave e brando...

Invejaria o luar... É tarde, estou sozinho,
ela dorme talvez, e não sabe que ao lado
do seu leito, a minha alma ronda de mansinho...

Nem vê meu pensamento entrar pela janela
e ir na ponta dos pés murmurar ajoelhado
este verso de amor que fiz, pensando nela!


See Yaa

terça-feira, 24 de março de 2009

Metamorfose

mais um post... pouco mais de 10 horas após o último... Chega de escrever por hora... tenho uma idéia legal mas essa quero esmerar com muita calma pra não perder a beleza.

Eu acho que podia tatuar essa parte da música no corpo hoje...

"Último Romance - Los Hermanos"

"E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena "

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05h48min Carlos acorda, não havia dormido nada pois a ultima vez que vira o relógio eram 4:14, não tinha sono. Levantou, acendeu o interruptor, a luz cegou seus olhos, depois desse ligeiro desconforto acendeu um cigarro – seu fiel companheiro – e se pôs a andar pela casa, precisava fazer algo pra ocupar sua mente, estava enlouquecendo e aquilo era só o começo, fazia Três dias que a vira sair naquele táxi... Era possível que aquilo se arrastasse por meses... Não estava com ânimo de trabalhar, na verdade não tinha ânimo de viver... Seu trabalho não o prendia mais, suas músicas prediletas se tornaram tormentos, seu quarto uma cela... Não pertencia a nenhum lugar... Decidiu ir ver o mar, sabia que esse é um daqueles dias que devia ser honesto consigo mesmo. Tinha uma missão dura a cumprir... Telefonou para seu chefe, e com uma desculpa qualquer anunciou sua ausência naquele dia, não faria diferença estar lá ou não, ia ser só mais um dia vagando entre fotos e lembranças...

Pegou o carro e foi-se, uma parada rápida num posto de estrada, um café e uma fruta, notou que sua última refeição tinha sido o almoço do dia anterior, mas ainda sim não sentia fome. 09h30min lá estava no seu paraíso secreto. A areia grossa, a água cristalina, subiu nas rochas e caminhou mar adentro, andava displicentemente até chegar ao fim do rochedo, as ondas batiam forte naquele ponto criando uma nuvem de espuma, olhou pra trás, via a praia já longe, nunca tinha ido tão longe naqueles rochedos. Sentou sobre sua camiseta e acendeu um cigarro, sentia cada onda que chegava levar um pouco do seu nervosismo embora e deixar em seu lugar um pouco de saudade, se viu naquele mesmo lugar fazendo mil juras de amor pra sua amada, alisando seus cabelos revoltos e admirando sua pálida face que conseguia ao mesmo tempo em que demonstrava toda a maturidade da mulher que era trazia nos olhos a inocência de menina...

Ai ficou enfrentando seus demônios interiores, sabia que antes era feito de puro inferno por dentro, mas que hoje estava se redimindo, pagando pelo que fez e que cada lágrima que profanava aquelas rochas era merecida. Intercalado aos momentos de tristeza e revolta percebeu que se Ângela estava insegura, ela não podia estar, afinal ele tem que ser o cais onde ela precisa encontrar sua segurança, e pouco a pouco perdeu a noção de quanto tempo ficou ali, certa hora pensou:

_ É curioso como temos a capacidade de viver num planeta com bilhões de pessoas e querer só uma delas...

Levantou-se disposto a ir embora, mas antes tirou do bolso um pacote, uma pequena caixa azul, abriu-a e ali ainda estavam intactas, as alianças que no passado não teve oportunidade de entregar, admirou-as mais alguns momentos, viu seus nomes gravados nelas, mas não podia mais guardar aquilo, elas faziam parte de um passado que não existia mais, aquelas duas pessoas não existem mais, são agora 2 novas pessoas então no momento certo merecem outras alianças. o mar há de sepultar os erros do passado, levar estes erros pras profundezas e trazer de volta apenas as coisas boas. Apertou-as com força e arremessou o pacote o mais longe que pode, antes mesmo que elas caíssem no mar virou-se e começou a retornar pelos rochedos, sem olhar pra trás, sabia que havia dado um passo importante, matara definitivamente o antigo Carlos, pois só o novo de si poderia fazer frente a nova Ângela que emergira.

Quando estava deixando aquele santuário pensou em voz alta:

_ O velho Carlos morreu e foi sepultado hoje no mar, o novo nasceu em algum lugar dentro de seu peito Ângela e eu vou resgatá-lo...

_ ... A qualquer preço

segunda-feira, 23 de março de 2009

Depois do furacão... a Incerteza

Mais um conto esmerado... ja tenho ideia pra continuação, começo a escrever amanha mas talvez o poste na quarta.

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Depois do furacão... a Incerteza

8 da manhã, ele acorda, está atrasado, algo que nos últimos dias tem sido uma constante, seu corpo dói, cada músculo... ele ignora o som estridente do celular e lembra a noite anterior, talvez se a tivesse encontrado tudo fosse diferente... Talvez não... Ao levantar um grito, pisara em um pedaço de vidro que sobrara da garrafa de whisky que se quebrara na tarde anterior, o sangue começa a escorrer devagar, viscoso e... Vivo, sim estava vivo, apesar de tudo... E isso o deixou contente, saber que estava vivo para enfrentar mais um dia...

Um banho rápido vestiu-se e limpou a lambança que ficara seu quarto... Olhou no relógio 08h40min, precisava sair, não tinha tempo de comer, se bem, que comer é algo que praticamente não havia feito nos últimos dias, tem passado todos os dias com 1 ou 2 sanduíches apenas, e o mais estranho é que não sentia fome... Acendeu um cigarro e saiu, tossia muito, culpa dos inúmeros cigarros que naquele momento se faziam necessários.

E o dia foi passando... Por mais que tentasse, ele não conseguia se concentrar, quando menos esperava estava lá remexendo em fotos antigas, remoendo lembranças... então decidira pegar o telefone e ligar pra ela, nessa hora teve medo... Vacilou... Mas não, prometera a si mesmo viver sem medo, pegou o telefone e ligou, ela o atendeu com a voz trêmula e combinaram de se ver no fim do dia, um café apenas, nada mais. Não devia esperar nada mais que isso.

É chegada à hora, ao vê-la sentiu-se criança com aquele frio na barriga e mais uma vez ele... O medo... Respirou fundo e foi de encontro a ela, ela estava linda como sempre, mas seus olhos estavam trêmulos, se cumprimentaram meio sem jeito, ele queria pegá-la no colo, beijá-la mostrar o quanto ela era importante na sua vida, cuidar para que ela nunca mais sofresse, mas não podia... Conteve-se e sentaram, pediu um café e fez uma piada pra quebrar o imenso gelo que os separava.

_Meia Hora Depois

- Mas Ângela...

- Por favor, Carlos, não torne as coisas mais difíceis... isso não está sendo menos difícil pra mim do que está sendo pra você... Eu só preciso de um tempo pra me encontrar...

E ali Carlos entendeu que não havia mais o que ser feito... Fizera seu melhor, o possível, o impossível, o racional e todas as loucuras que podia, teria de aceitar... A viu pela última vez saindo da cafeteria entrando no taxi... Teve a impressão de vê-la olhar pra trás, mas não tinha certeza. Daquele momento em diante não saberia mais quando voltaria a vê-la... Ou se voltaria... Um frio de terror percorreu sua espinha ao pensar isso... De qualquer forma estava sujeito ao destino, Ângela podia nunca mais querer vê-lo, podia conhecer outro homem que a fizesse feliz, não como ele a faria não tinha dúvidas, mas ainda sim podia acontecer.

Voltou-se a Deus, afinal isso é o que todo homem desesperado faz, voltou-se a Deus e mesmo não sendo um dos seus melhores filhos, pediu que ele olhasse por ele, afinal seu sentimento era legítimo, pediu também que ele desses Forças a Ângela e que tão logo fosse possível ele pudesse tê-la em seus braços.

Sentado mais uma vez em seu quarto sob a luz de um abajur pequeno olha pra chave presa em seu pescoço, ele sabe que aquela é apenas um chave qualquer presa a uma corrente, mas sabe que ela simboliza muito mais que isso, sabe que aquela é a chave para sua felicidade e que a porta a ser aberta por essa chave se afastava cada vez mais dele dentro de um taxi em algum lugar...

Uma lágrima solitária lhe correu a face, 2 da manhã, precisava dormir ou iria se atrasar no outro dia... novamente... Carlos sabia que os próximos dias... Semanas... E talvez meses fossem de incerteza, insegurança, que teria que aprender a conviver com o medo, mas sabia que isso seria mais uma provação que teria de passar para poder tê-la de novo em seus braços e por isso aceitou o desafio.

Acendeu um último cigarro apagou as luzes e pensou:

_ Pode destruir meu corpo, mas jamais atingirá o meu espírito

Não sabia exatamente pra quem dirigia aquilo, talvez para o mesmo Deus que há minutos atrás pedia apoio, mas aquilo lhe fazia sentir-se melhor... Mas enfim, era humano, limitado e seus defeitos é o que o tornava único. Dormiu em meio a uma oração...

No Olho do Furacão

Me atrevendo a rascunhar algumas linhas...

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No Olho do Furacão.

Ali estava, sentado no chão, no canto de seu quarto sujo e empoeirado, que há dias não era tocado pela luz, tendo como companhia apenas uma garrafa de whisky e alguns maços de cigarro que quase ininterruptamente eram acesos, talvez como uma tentativa chula de acalmar o grito que destruía seu tórax e queimava sua alma, ou talvez essa fosse uma forma de tentar dar cabo de si mesmo, mesmo que lentamente, o mais longe que sua covardia lhe permitia chegar.

Olhando para o copo vê suas digitais, talvez alguém que olhasse para elas diria com convicção a quem pertenciam, mas nenhuma ciência no mundo o reconheceria se o visse naquele instante, sua armadura outrora rachada, virara pó, e todo seu castelo desmoronara, aquele que por muito tempo fora o juiz que proferia verborragicamente pareceres sobre os que estavam a sua volta havia se tornado réu. Naquele instante não se preocupava com o labor que o aguardava no dia seguinte, o gosto amargo do trago lhe trazia de volta a realidade, ele era um fracasso, o que mais importa?

Fecha os olhos e mais uma vez como no mito de Prometeu que foi preso e condenado por Zeus no alto de uma montanha, aonde todos os dias uma águia gigante vinha comer-lhe as vísceras que eram regeneradas a noite, ficando fadado a sofrer por toda a eternidade, via mais uma vez aquilo que estava com todas as suas forças tentando esquecer, todas as vezes que fugiu, que foi covarde, do sofrimento que causou a ela e as cenas se sobrepunham, como testemunhas de um grande julgamento onde não há chance de absolvição.

E o tempo passa... Minutos... Horas, aquele homem cada vez mais depravando sua existência... Reconhece seu erro, mas isso não é o suficiente, ainda sente na carne a dor daquelas unhas que lhe tiraram sangue, queria revidar, queria sentir raiva, queria odiá-la... Quem sabe assim se libertaria da culpa, mas no fundo ele sabia, de nada adiantaria, isso seria apenas vestir outra armadura e correr pra outro castelo, devia enfrentar, pelo menos dessa vez, provar pra si mesmo que era capaz, que a amava e que enquanto tiver forças iria continuar lutando, nesta hora lembrou-se de algo que foi a faísca que lhe faltava para acender novamente a chama da esperança em seu peito, lembrou-se daquela voz doce lhe dizendo:

_ A qualquer preço, me ouviu bem?

Levantou-se decidido a encontrá-la, tomou um banho gelado e saiu, deixou o carro na garagem, pois sabia que não teria condições de dirigir, chamou um táxi e partiu rumo ao espetáculo, e pela primeira vez em muito tempo sentia-se esperançoso e vislumbrando um final feliz. Entrou no táxi, anunciou seu destino e foi observando a noite, em meio a solidão das ruas percebeu que não havia lua no céu, tampouco estrelas, e uma garoa fina começara a cair, todo aquele clima de trevas sufocou a esperança que havia no seu coração, seu olhos umideceram.

Já estava bem próximo ao local, o trânsito estava infernal, pessoas e carros se amontoavam ferozmente, pagou o táxi, desceu e fez o restante do trajeto correndo, minutos depois estava em frente à entrada, olhou o portal e teve medo, quis voltar, desistir, acendeu um cigarro, respirou fundo e entrou. Começou a andar a esmo, afinal não tinha nenhuma pista de onde ela estaria... Deu-se por conta que seria quase um milagre conseguir encontra-la ali, entre milhares de pessoas... Mas era exatamente disso que precisava, de um milagre.

Quase uma hora se passara e ele continuava ali, em meio à multidão que festejava, procurando por sua amada, as pessoas naquele contexto não tinham rostos, eram apenas espectros malignos que estavam impedindo-o de encontrar sua amada, tinha a impressão de ver no olhar delas uma felicidade sádica ao olhar pra ele, como se todos ali soubessem o que fazia ali. De repente teve a impressão de ter visto sua amada, sua alma começou a arder e correu em sua direção, mal sabia ele que era a isca final, a mais recente piada do destino, foi tirando tudo e todos do caminho, ao chegar próximo a uma armação de metal, viu que se enganara, era apenas uma pessoa qualquer, mas foi nessa hora que começou a ouvir aquela música...

Pediu a Deus que fosse engano, qualquer coisa menos aquilo, lembrou de tudo o que sonhara um dia dizer a ela ao som daquela musica, começou a chorar copiosamente, já não enxergava mais as outras pessoas apenas andava. Antes que a música chegasse à metade não suportou, sentiu o céu caindo sob seus ombros, caiu de joelhos em meio a terra e a grama molhada, chorando pediu a Deus que o libertasse do sofrimento, queria tirar aquela dor do peito nem que pra isso precisasse arrancar seu coração com as próprias mãos, e por mais que as pessoas se aproximassem tentando acalma-lo ele só pedia pra ser ignorado, encostou-se na armação de metal e ali ficou, catatônico, já não ouvia mais música alguma, não via mais ninguém, as pessoas passavam por ele, alguns tropeçavam por engano mas ele não esboçava reação alguma e ali ficou como se sua alma tivesse abandonado seu corpo, e talvez ela o tenha feito... talvez não fosse digno dela...

Quando recobrou a consciência olhou ao seu redor, não havia mais música alguma, não havia mais milhares de pessoas, talvez centenas, extasiadas de alegria já nem se davam ao trabalho de se preocupar com o pobre infeliz de roupas sujas e olhos inchados, e naquele momento ele percebeu... Falhara novamente... Levantou, olhou para a chave que trazia presa a um cordão pendurada no peito, lembrança de uma jura de amor feita no passado que ele não estava disposto a esquecer. Colocou seu chapéu e saiu sem nenhuma pressa, afinal, mais uma vez falhou como em tudo o que tinha feito até então... Começou a andar e repetiu pra si mesmo:

_ A qualquer preço.