segunda-feira, 23 de março de 2009

Depois do furacão... a Incerteza

Mais um conto esmerado... ja tenho ideia pra continuação, começo a escrever amanha mas talvez o poste na quarta.

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Depois do furacão... a Incerteza

8 da manhã, ele acorda, está atrasado, algo que nos últimos dias tem sido uma constante, seu corpo dói, cada músculo... ele ignora o som estridente do celular e lembra a noite anterior, talvez se a tivesse encontrado tudo fosse diferente... Talvez não... Ao levantar um grito, pisara em um pedaço de vidro que sobrara da garrafa de whisky que se quebrara na tarde anterior, o sangue começa a escorrer devagar, viscoso e... Vivo, sim estava vivo, apesar de tudo... E isso o deixou contente, saber que estava vivo para enfrentar mais um dia...

Um banho rápido vestiu-se e limpou a lambança que ficara seu quarto... Olhou no relógio 08h40min, precisava sair, não tinha tempo de comer, se bem, que comer é algo que praticamente não havia feito nos últimos dias, tem passado todos os dias com 1 ou 2 sanduíches apenas, e o mais estranho é que não sentia fome... Acendeu um cigarro e saiu, tossia muito, culpa dos inúmeros cigarros que naquele momento se faziam necessários.

E o dia foi passando... Por mais que tentasse, ele não conseguia se concentrar, quando menos esperava estava lá remexendo em fotos antigas, remoendo lembranças... então decidira pegar o telefone e ligar pra ela, nessa hora teve medo... Vacilou... Mas não, prometera a si mesmo viver sem medo, pegou o telefone e ligou, ela o atendeu com a voz trêmula e combinaram de se ver no fim do dia, um café apenas, nada mais. Não devia esperar nada mais que isso.

É chegada à hora, ao vê-la sentiu-se criança com aquele frio na barriga e mais uma vez ele... O medo... Respirou fundo e foi de encontro a ela, ela estava linda como sempre, mas seus olhos estavam trêmulos, se cumprimentaram meio sem jeito, ele queria pegá-la no colo, beijá-la mostrar o quanto ela era importante na sua vida, cuidar para que ela nunca mais sofresse, mas não podia... Conteve-se e sentaram, pediu um café e fez uma piada pra quebrar o imenso gelo que os separava.

_Meia Hora Depois

- Mas Ângela...

- Por favor, Carlos, não torne as coisas mais difíceis... isso não está sendo menos difícil pra mim do que está sendo pra você... Eu só preciso de um tempo pra me encontrar...

E ali Carlos entendeu que não havia mais o que ser feito... Fizera seu melhor, o possível, o impossível, o racional e todas as loucuras que podia, teria de aceitar... A viu pela última vez saindo da cafeteria entrando no taxi... Teve a impressão de vê-la olhar pra trás, mas não tinha certeza. Daquele momento em diante não saberia mais quando voltaria a vê-la... Ou se voltaria... Um frio de terror percorreu sua espinha ao pensar isso... De qualquer forma estava sujeito ao destino, Ângela podia nunca mais querer vê-lo, podia conhecer outro homem que a fizesse feliz, não como ele a faria não tinha dúvidas, mas ainda sim podia acontecer.

Voltou-se a Deus, afinal isso é o que todo homem desesperado faz, voltou-se a Deus e mesmo não sendo um dos seus melhores filhos, pediu que ele olhasse por ele, afinal seu sentimento era legítimo, pediu também que ele desses Forças a Ângela e que tão logo fosse possível ele pudesse tê-la em seus braços.

Sentado mais uma vez em seu quarto sob a luz de um abajur pequeno olha pra chave presa em seu pescoço, ele sabe que aquela é apenas um chave qualquer presa a uma corrente, mas sabe que ela simboliza muito mais que isso, sabe que aquela é a chave para sua felicidade e que a porta a ser aberta por essa chave se afastava cada vez mais dele dentro de um taxi em algum lugar...

Uma lágrima solitária lhe correu a face, 2 da manhã, precisava dormir ou iria se atrasar no outro dia... novamente... Carlos sabia que os próximos dias... Semanas... E talvez meses fossem de incerteza, insegurança, que teria que aprender a conviver com o medo, mas sabia que isso seria mais uma provação que teria de passar para poder tê-la de novo em seus braços e por isso aceitou o desafio.

Acendeu um último cigarro apagou as luzes e pensou:

_ Pode destruir meu corpo, mas jamais atingirá o meu espírito

Não sabia exatamente pra quem dirigia aquilo, talvez para o mesmo Deus que há minutos atrás pedia apoio, mas aquilo lhe fazia sentir-se melhor... Mas enfim, era humano, limitado e seus defeitos é o que o tornava único. Dormiu em meio a uma oração...

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