segunda-feira, 6 de abril de 2009

Melancolia


Metal contra as Nuvens - Legião Urbana

Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então

Tudo passa, tudo passará

E nossa estória não estará
pelo avesso Assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas para contar

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe para trás -Apenas começamos
O mundo começa agora -Apenas começamos
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Esse conto tem algumas peculiaridades e inspirações mas não vou tratar disso agora, mas ainda retorno a isso no momento devido.
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Melancolia


13h15min Carlos ainda não levantara, isso vindo dele era algo raro. Mesmo já tendo acordado há um bom tempo, não teve forças pra levantar, afinal, qual seria a diferença? Tomou mais um trago de seu whisky, acendeu um cigarro e ali deitado colocou-se a pensar... descobriu que findavam os dias de primavera da sua adolescência, findava o verão das suas alegrias e agora ali estava em pleno outono onde não se vêem sorrisos em sua alma. Harmonia só encontra com a chuva que displicentemente e triste cai ao sabor do vento como se proferisse loucura, o grito de quem já perdeu muito desde que a este mundo veio…

Deitado em sua cama que já o vira em melhores dias, não haviam lágrimas suficientes que traduzissem o turbilhão de sentimentos que o atormentava, ironia saber que, semanas atrás, eras o brilho lancinante da alegria, que caminhavas seguro de ti, confortado pelo sonho de ser amado, de enriquecer a vida de outros com a tua…

Agora, nada mais do que um farrapo, envolto em febre e desgraça, percorre o caminho de sonhos caídos, deixando os pesadelos de uma vida sem graça. Lembrando-se de quão doce era o teu sorriso, o quanto o aquecia saber que as brincadeiras próprias da infância apenas enriqueciam a tua curiosidade. Aquele dia em que em casa disse que estava contente pela presença dele e ele bobo tal qual um jovem garoto mal pode balbuciar quaisquer palavras.

Ah! Aquele brilho nos olhos e o lacrimejar de desculpas após teres dito alguma coisa com a qual ele não concordava… Peripécias de uma infância rica em sensações, experiências que ajudavam a moldar o teu espírito, a engrandecer a tua mente.Certo é que sabias o quanto reprovava a vida por ser tão injusta e insensível com ambos, mas as palavras por vezes não surtiam efeito e as raras vezes em que batiam faziam doer a alma.

Sabia que os fins de semana eram os mais cruéis, pois não havia nada nem ninguém que pudesse distraí-lo, era apenas ele e a saudade, e nessas horas ficava frágil, não conseguia combater sua tristeza. Decidiu escrever um e-mail a Carla, uma forma de a ter por perto, de alguma forma que só ele entendia.

Ângela,

Escrevo pra você ler quando chegar. Antes de tudo, quero que saibas que guardo em mim o amor que lhe está destinado. Digo isso porque acredito que o amor seja atemporal. Escrevo num passado-momento, que era, ou é, meu instante-agora, e um dia será nosso futuro-presente. Com o tempo, aprendi um pouco com os relacionamentos que não perduraram, e por isso, faço-lhe algumas recomendações:

Não tenha pressa em me encontrar. Chegue no momento exato. Ou erre de momento e chegue na hora que não estava programada. Não seja perfeita pra mim. Não espere perfeição de mim. Mas aprenda a conviver com as nossas diferenças. Respeite minhas diferenças. Não tenha medo dos clichês. Eles são parte essencial de um bom relacionamento. Um pequeno parêntese: Mesmo que você já tenha vivido momentos parecidos com outros, cada momento é único. Cada pessoa é única. E um dia você verá que o tempo não volta.

Portanto, amor, libere-se. Não tenha medo de falar de seus medos, de suas dúvidas, de seus anseios. Não jogue seu futuro em minhas mãos. Não aposte todas suas fichas em mim! Porque de todos os jogos que participei, os amorosos são os que mais deixam cicatrizes. Aposte em você. Acredite em você. Isso refletirá em mim e jogaremos de igual pra igual. Quando você chegar, chegue sem fazer barulho. Chegue serenamente. Na verdade, chegue como quiser. Chegue feito banda de heavy metal. Faça meu coração pulsar ao seu ritmo frenético. Quando chegar, não seja a pessoa que quero. Seja você. Porque é de você que eu preciso.

Não queira ter os mesmo gostos que eu. Chegue sem conhecer minha banda, meu cantor, meu livro ou poema preferido. Chegue tirando sarro do meu gosto musical. Chegue dizendo que o Mc Creu é o maior poeta de todos os tempos, pois com apenas uma palavra disse tanta coisa... E nós, às vezes, escrevemos tanto, falamos tanto que nossa prolixidade acaba por não representar nada. Não dizer nada.

Por fim, espero que atenda minhas recomendações, que atenda meus pedidos. Ou seja autêntica e vire minha vida de pernas pro ar, e faça apenas aquilo que tiver vontade. Aquilo que lhe der na telha. Por enquanto, guardo comigo a sua lembrança e o meu amor. Pra quando você chegar.

Após terminar de escrever sentiu-se orgulhoso, enviou o e-mail para Ângela e voltou a cama imaginando todas as reações que ela podia ter ao ler seu e-mail, e entre um trago e outro adormeceu, lhe agradava a idéia de dormir, pois assim passaria com mais facilidade pelos longos dois dias mais esperados por todas as demais pessoas mas que naquela situações haviam se tornado provações.

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