sábado, 28 de março de 2009

Em Busca de.... PT 1

Nas Linhas
5 Generais

Cada linha no Teu rosto
É desinteressante
Traçada pela ausência
De perigos ou eventos
Pois você sempre foi
Seguro e previsível
Até nas suas tentativas
De ser diferente...

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Em Busca de.... PT 1


15h00min já estava na rodoviária, saiu mais cedo do trabalho, tinha sorte de ter um chefe compreensivo, ele sabia que Carlos não estava numa fase boa e vinha sendo um tanto amigo nessa hora. Passagem na mão ia para um lugar que nunca tinha ido antes, Paraty – RJ, alguns minutos se passaram e lá estava ele, deixando a rodoviária, saindo em busca de algo que nem ele mesmo sabia... Qual o sentido daquilo? Queria mesmo era ir até Ângela, mas não podia. Decidiu que ia ter um fim de semana livre, tentar viver um fim de semana sem seus fantasmas... Aproveitar tudo que o destino lhe proporcionasse.

Dormiu a viagem toda, assim que desceu do ônibus procurou o guarda perguntando sobre onde podia encontrar uma pousada, de preferência próxima a praia, teve um endereço, entrou num taxi e rumou pra lá, foi olhando a cidade no caminho, era bela em seus detalhes, num estilo colonial, mas com um toque de modernidade, quando passou próximo ao mar, teve certeza de escolher um bom lugar. Aquilo era lindo.

Entrou na pousada, cuidou de toda a parte burocrática, subiu, deixou sua mala, precisava de um banho e já queria sair pra conhecer o lugar.

Tomou um banho, primeiro foi até a área de convivência da pousada, tinham algumas pessoas ali e esse seria um bom começo para escolher aonde ir. Sentou-se no banco, tinham algumas pessoas ali, puxou conversa e quando menos percebeu estava trocando cartão de visitas com um senhor e falando de trabalho. Desde que chegou reparou que havia uma moça sentada num banco mais afastado, estava desde que chegou ali, quieta, olhando pro nada e aquilo lhe despertou a curiosidade.

Depois que seus “novos amigos” saíram só havia ali ele e a tal pessoa, resolveu conversar com ela. Após alguns minutos descobriu que a garota e chamava Carla. A garota tinha lá seus 20 e poucos anos e estava sozinha ali, seus olhos azuis carregavam uma certa tristeza mas ainda era muito cedo pra saber do que se tratava, ficaram ali conversando por um bom tempo, a garota tinha um bom papo e aparentemente tinha achado o mesmo de Carlos, convidou-a para comer alguma coisa e conhecer um pouco da cidade, afinal ela já está ali há alguns dias e poderia mostrar o básico que ele precisaria conhecer pra se virar naquele fim de semana.

Foram a um restaurante e comeram frutos do mar e sempre conversando até que ela disse o que Carlos durante todo o tempo tentou desviar do foco da conversa.

Carla_ Você não parece o tipo de pessoa que vem pra um lugar desse sozinho passar um fim de semana pra ver a natureza. Porque veio?

Carlos estava desarmado, porque será que Deus só coloca em seu caminho mulheres maduras e com uma percepção e sensibilidade maior que a dele? Talvez porque ele fosse débil nesses quesitos... ficou em silêncio, a garota insistiu na pergunta. Bem... – Pensou Carlos – Não tenho nada a perder, me prometi viver intensamente esta viagem, eu nunca mais verei a garota, se ela quer saber o porquê, não tenho porque esconder.

Carlos_ Digamos que estou em retiro espiritual...

Carla_ Como assim?

Carlos_ É uma longa história...

Carla_ Ótimo, não estou com pressa nem sono e aqui tem um lugar ótimo pra longas histórias, vamos.

Descobriu que a garota estava de carro na pousada, chegaram lá, pegaram o carro e foram em direção a Trindade, um lugar que segundo ela era perfeito pra longas histórias.

Ao chegar Carlos entendeu o porquê a garota disse aquilo. Estava em frente a uma praia maravilhosa, mas ainda não era ali que ficariam, entraram por uma trilha na mata e andaram alguns minutos até chegar numa cachoeira, sentia frio. Era grande, o lugar exalava paz. Sentiu-se tranqüilo, viu que ao redor da cachoeira havia algumas outras pessoas, mas elas não pareciam se importar umas com as outras, se sentaram numa pedra próxima a queda dágua quando a garota disse:

Carla_ Então vamos lá... Tem algum lugar melhor no mundo pra longas histórias do que este?

E Não havia... Carlos então começou a contar sua história, desde o passado, até os acontecimentos do dia anterior, não sabe quanto tempo levou pra fazer isso mas reparou que a garota ouvia atenta com os olhos fixos nele, reparou também que na parte em que Carlos não conseguiu segurar a calma e começou a chorar a garota também estava com os olhos úmidos... quando finalmente terminou a história, acendeu um cigarro.

Carla_ Mas mesmo você fazendo tudo isso a garota não te deu uma chance? Ai essas mulheres viu...

Carlos ficara extremamente ofendido com o comentário da garota... quem ela pensa que é pra julgar sua Ângela... Mas resolveu não falar nada...

Carla_ Sabe nós mulheres somos complicadas... Eu estou aqui por um motivo parecido com o seu, e pensando melhor acho que entendo essa tal de Ângela, só que no meu caso eu queria muito que ele fizesse essas coisas que você ta fazendo por ela, é tudo que eu precisaria pra ver que ele me ama de verdade... Olho, eu não sei como você é, mas eu tenho algo aqui que vai te fazer bem.

Carlos começa a reparar e vê que a garota estava enrolando um cigarro de maconha, ficou espantado, pois definitivamente aquela garota com cara de menina inocente não parecia comungar dessas coisas.

Carla_ Se importa se eu acender?

Carlos_ Não, vá em frente.

Afinal a maior parte dos que estavam próximos a eles faziam o mesmo...

Carla_ Quer um trago? Nessas horas acaba ajudando um pouco, a tirar essas abobrinhas da cabeça...

Carlo pegou o cigarro, ficou olhando pra ele, já havia feito aquilo antes, no passado, um passado negro que não queria de volta... Mas sabia também que de alguma forma aquilo o ajudaria a esquecer Ângela, mesmo que por alguns intantes. Ameaçou levá-lo a boca e lembrou-se

_Ângela Carlos, Cuide-se... Nem que for por mim.

Como num filme lembrou-se da cena, derrubou o cigarro no chão... Pegou-o e devolveu a garota.

Carlos_
Obrigado, Carla vamos embora? Estou cansado da viagem, amanhã conversamos mais.

Carla_ ok.

Voltaram pra pousada, despediu-se da garota mas não foi dormir, foi andar na praia que havia ali próximo, e andou por um bom tempo até que se sentou na areia encostado num barco que havia ali, e ficou pensando na vida, aquele lugar era perfeito, lindo... Mas sem Ângela... Continuava cinza...

07h20min Acordou, suas costas doem, percebeu que dormiu ali, na areia... Voltou pra pousada, tomou um banho e deitou-se pra tentar descansar um pouco.

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