Veja Bem Meu Bem
Los Hermanos
Enquanto isso, navegando vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.
E eu nunca vou te esquecer amor,
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz.
Veja bem além destes fatos vis.
Saiba, traições são bem mais sutis.
Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado saudade.
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Idiossincrasia Pt 2
20h00min Carlos saiu da farmácia com quatro caixas do mesmo remédio, sabia que algo despertara seu instinto destrutivo, não estava disposto a fazer nada com eles, mas por algum motivo que nem mesmo ele sabia explicar, estava fazendo aquilo... De qualquer forma sabia que aquele seria um dia decisivo, disse a Ângela que iria até ela, precisava ouvir sua voz, não tinha esperanças que isso fosse mudar algo entre eles, mas iria fazer, não sabia o que pensar...
Chegou ao lugar marcado, escolhera uma praça, assim poderiam ter certa privacidade naquele momento, Ângela não estava lá... Não importa, iria esperar ela ia aparecer, tinha certeza disso, acendeu um cigarro e ficou ali.
20h25min Ângela olhava pela janela do carro, ele não iria desistir, viu Carlos chegar e desde que chegou já acendia seu terceiro cigarro, ia ter que enfrentar aquilo, criou coragem e desceu, assim que apontou na Praça Carlos a viu, percebeu que ele interrompeu os passos inquietos e ficou olhando fixamente pra ela, conforme se aproximava percebeu que os olhos dele estavam úmidos.
_Carlos_ Eu sabia que você viria. – Nos olhos de Carlos era nítida uma profunda tristeza.
_Ângela_ Você não entende mesmo não é? Depois de tudo eu só pedi uma coisa a você que foi tempo, e nem isso você me deu, como quer que eu confie em você novamente.
_Carlos_ Eu sei disso minha flor, mas eu não consigo... Tenho lutado bravamente dia a dia pra buscar forças pra viver, mas eu não consigo, Por Deus, eu tenho tentado...
_Ângela_ Eu entendo... Mas não há nada que eu possa fazer, isso não é fácil pra mim também, por quanto tempo eu não estive como você Carlos, me diga... Eu já disse, quero poder olhar nos seus olhos e dizer que te quero, mas quero que isso seja sincero... Não quero que se iluda...
_Carlos Grita_ Por Deus Ângela, Me iluda... Engane-me, faça qualquer coisa, mas tire essa dor do meu peito, eu não agüento mais viver.
Ângela se assustara com a reação de Carlos, temia uma reação violenta, ele parecia fora de si, mas no fundo sabia que não podia fazer nada naquele momento, via aquele que fora o homem da sua vida chorando ao soluçar, mas o que ele lhe pedia era mais do que ela podia oferecer.
_Ângela_ Desculpe Carlos, eu queria muito poder fazer algo mais do que estou fazendo, mas no momento é só o que tenho a oferecer, eu estou tentando Carlos, confie em mim, não pense que é mais fácil pra mim do que está sendo pra você. Mas... Mas... NÃO ME PRESSIONE.
Ângela não suportara, soltou um grito e começou a chorar... Reparou que Carlos se chocara com tal atitude... Estava catatônico, seu rosto marcado pelas noites sem dormir refletiam o pânico que devia se passar em seu peito, reparou também que ele trazia no peito, um cordão com uma chave amarrada no peito, sabia o que significava aquilo, mas fingiu não perceber.
Ficaram alguns minutos ali em silêncio, encarando um ao outro até que Carlos falou:
_Carlos_ eu só quero que você saiba que te amo!
Ângela baqueara, ele nunca tinha dito isso a ela antes, e como ela sonhou em ouvir isso, conhecia Carlos, sabia que ele condenava tanto quanto ela a banalização do amar, ela sabia que ele realmente era sincero, nesta hora explodiu em raiva, pois não sabia como retribuir aquilo.
_Ângela_ Não faça isso com você, Carlos... Eu sonhei anos da minha vida com você, mas não me peça isso agora, não até que eu tenha certeza que quero tentar ao menos... Olhe pra você, está com uma cara péssima, está mais magro cheirando a álcool, este não foi o Carlos por que me apaixonei.
Carlos não tinha o que responder, sabia que ela estava certa, estava se destruindo, se consumindo em chamas de dentro pra fora, há dias não fazia a barba, há dias não comia nem dormia direito e só conseguia dormir depois de uma boa dose de álcool, mas isso era o melhor que conseguia fazer naquele momento... Mas sentiu vergonha... Ela tinha razão e ele sabia disso.
_Ângela_ bom Carlos acho melhor irmos embora, isso não faz bem a nenhuma de nós, lembre-se, só estou te pedindo paciência, eu sei que é difícil, mas você vai ter que conseguir.
_Carlos_ Se for pra ter você de volta eu faço qualquer coisa...
_Ângela_ Então até mais.
Ângela se afastou, entrou no carro e chorou, queria poder fazer mais naquela situação, mas não conseguia, se sentia frágil, a vida fora injusta com ela.
Carlos ficou ali por mais dois ou três cigarros até ter forças pra sair... Estava arrasado mais uma vez, sabia que não ia dormir essa noite, pegou o carro e voltou pra casa, ao chegar lá arrumou uma mala, estava decidido, no próximo dia ia viajar sair do trabalho e pegar a estrada, sem rumo... Sem destino... Sem vontade de voltar.
_Carlos_ O mar... Preciso dele neste momento...
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