terça-feira, 24 de março de 2009

Metamorfose

mais um post... pouco mais de 10 horas após o último... Chega de escrever por hora... tenho uma idéia legal mas essa quero esmerar com muita calma pra não perder a beleza.

Eu acho que podia tatuar essa parte da música no corpo hoje...

"Último Romance - Los Hermanos"

"E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena "

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05h48min Carlos acorda, não havia dormido nada pois a ultima vez que vira o relógio eram 4:14, não tinha sono. Levantou, acendeu o interruptor, a luz cegou seus olhos, depois desse ligeiro desconforto acendeu um cigarro – seu fiel companheiro – e se pôs a andar pela casa, precisava fazer algo pra ocupar sua mente, estava enlouquecendo e aquilo era só o começo, fazia Três dias que a vira sair naquele táxi... Era possível que aquilo se arrastasse por meses... Não estava com ânimo de trabalhar, na verdade não tinha ânimo de viver... Seu trabalho não o prendia mais, suas músicas prediletas se tornaram tormentos, seu quarto uma cela... Não pertencia a nenhum lugar... Decidiu ir ver o mar, sabia que esse é um daqueles dias que devia ser honesto consigo mesmo. Tinha uma missão dura a cumprir... Telefonou para seu chefe, e com uma desculpa qualquer anunciou sua ausência naquele dia, não faria diferença estar lá ou não, ia ser só mais um dia vagando entre fotos e lembranças...

Pegou o carro e foi-se, uma parada rápida num posto de estrada, um café e uma fruta, notou que sua última refeição tinha sido o almoço do dia anterior, mas ainda sim não sentia fome. 09h30min lá estava no seu paraíso secreto. A areia grossa, a água cristalina, subiu nas rochas e caminhou mar adentro, andava displicentemente até chegar ao fim do rochedo, as ondas batiam forte naquele ponto criando uma nuvem de espuma, olhou pra trás, via a praia já longe, nunca tinha ido tão longe naqueles rochedos. Sentou sobre sua camiseta e acendeu um cigarro, sentia cada onda que chegava levar um pouco do seu nervosismo embora e deixar em seu lugar um pouco de saudade, se viu naquele mesmo lugar fazendo mil juras de amor pra sua amada, alisando seus cabelos revoltos e admirando sua pálida face que conseguia ao mesmo tempo em que demonstrava toda a maturidade da mulher que era trazia nos olhos a inocência de menina...

Ai ficou enfrentando seus demônios interiores, sabia que antes era feito de puro inferno por dentro, mas que hoje estava se redimindo, pagando pelo que fez e que cada lágrima que profanava aquelas rochas era merecida. Intercalado aos momentos de tristeza e revolta percebeu que se Ângela estava insegura, ela não podia estar, afinal ele tem que ser o cais onde ela precisa encontrar sua segurança, e pouco a pouco perdeu a noção de quanto tempo ficou ali, certa hora pensou:

_ É curioso como temos a capacidade de viver num planeta com bilhões de pessoas e querer só uma delas...

Levantou-se disposto a ir embora, mas antes tirou do bolso um pacote, uma pequena caixa azul, abriu-a e ali ainda estavam intactas, as alianças que no passado não teve oportunidade de entregar, admirou-as mais alguns momentos, viu seus nomes gravados nelas, mas não podia mais guardar aquilo, elas faziam parte de um passado que não existia mais, aquelas duas pessoas não existem mais, são agora 2 novas pessoas então no momento certo merecem outras alianças. o mar há de sepultar os erros do passado, levar estes erros pras profundezas e trazer de volta apenas as coisas boas. Apertou-as com força e arremessou o pacote o mais longe que pode, antes mesmo que elas caíssem no mar virou-se e começou a retornar pelos rochedos, sem olhar pra trás, sabia que havia dado um passo importante, matara definitivamente o antigo Carlos, pois só o novo de si poderia fazer frente a nova Ângela que emergira.

Quando estava deixando aquele santuário pensou em voz alta:

_ O velho Carlos morreu e foi sepultado hoje no mar, o novo nasceu em algum lugar dentro de seu peito Ângela e eu vou resgatá-lo...

_ ... A qualquer preço

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